domingo, 26 de outubro de 2008

Indignação II

É preciso não perder a capacidade de indignar-se...

É preciso não perder a noção do absurdo...

É preciso não ter medo!!


Tem algo de podre no Reino de Avilã....

domingo, 19 de outubro de 2008

Tudo passa...

"Ontem um menino que brincava me falou

Que hoje é semente do amanhã...



Para não ter medo que este tempo vai passar...

Não se desespere não, nem pare de sonhar



Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs ...

Deixe a luz do sol brilharno céu do seu olhar!

Fé na vida, fé no homem, FÉ NO QUE VIRÁ!



NÓS PODEMOS TUDO,

NÓS PODEMOS MAIS

Vamos lá fazer o que será!"





Essa é a letra de uma das músicas do Gonzaguinha. Colocá-la aqui projeta um pouco da minha crença de que tudo isso vai passar... todo esse tempo de coisas ruins vai passar...



Creio piamente que as pessoas vão mostrar o seu lado bom, mostrar seu afeto e sua admiração pelo outro de uma forma sincera. Mais que isso: sei que vou viver um tempo em que as pessoas vão respeitar umas as outras... Que vão me RESPEITAR!!!



É preciso resgatar esse sentimento: RESPEITO!



Ah, e se esse tempo não chegar, nós poderemos ir até ele!!! Sim, claro!!! NÓS PODEMOS MAIS!!! Podemos nos fazer RESPEITAR!!



Mas hoje é a semente do amanhã....



Que bom, que todo carnaval tem seu fim... que TUDO PASSA!!!!

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Feliz Dia dos Professores!!!!

A Professora

Quando me fiz professora
Enxerguei aprender muito mais que ensinar

Quando me fiz professora
Quis amigos, companheiros leais para me ajudar

Quando me fiz professora
Não pensei em dinheiro, em bens, em privilégios
Idealizei uma carreira repleta de estudos, prêmios, reconhecimento e sucesso

Quando me fiz professora
Sabia que conheceria inúmeras pessoas, iguais e diferentes a mim
Mas com um foco preciso e igual

Quando me fiz professora
Pensei em amor
Pensei em prazer
Não pensei em dor

Hoje, a economista, a controller, a consultora, ver-se a professora
Mas não sou nada além de educadora e não posso caminhos moldar

A professora
Não consegue ensinar, não consegue ser política e não agüenta mais de seu rumo se distanciar

Caliane Borges Ferreira

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Sim. A indignação está entre nós.

Hoje (09/10) nós tivemos um belo exemplo que a resistência existe e que a indignação é um sentimento presente entre as pessoas de bem e que pensam em uma Facape para todos e de todos.

De repente, a revolta pela adoção da "censura prévia" para os documentos emitidos pelos professores, onde os nossos estagiários do núcleo acadêmico (sem culpa nenhuma, diga-se de passagem) devem agora examinar tudo que é impresso nos equipamentos daquele setor, transformou-se no primeiro "Ato Coletivo de Indgnação e Resistência" às imposições, perseguições e intepretações do Estatuto e Regimento por conveniências e oportunidades.
Foi um belo manifesto; espontâneo, oportuno, forte e esclarecedor. Daquele momento, vão surgir novas indagações e oportunidades para que colocarmos para levantarmos a bandeira da resistência e da indignação.

Alguns pontos levantados neste pequeno ato, pelo Prof. Remígio, por mim, pelo Prof. Waldenir, pelo prof. Edmar e por vários colegas presentes ao ato, merecem esta postagem.

Hoje de manhã, alguns integrantes dos dois Conselhos máximos da Autarquia foram surpreendidos com uma convocação para uma reunião conjunta, programada para esta sexta-feira (10), as 11 horas, na sala de vídeo conferência da FACAPE. Seria mais uma reunião extraordinária, já que as ordinárias previstas pelo Regimento nunca acontecem. Mas, alguns detalhes chamaram atenção de seis dos conselheiros, que ainda pela manhã, solicitaram a remarcação da reunião além de outros questionamentos. Vamos a esses detalhes:

1 – A convocação foi feita em desacordo com o prescrito no § 2º do Art. 22 do Estatuto da AEVSF, ou seja, em menos de 48 horas da previsão da sua realização;

2 – A referida convocação foi feita por meio eletrônico, o que ainda não se constitui um meio confiável e eficiente para expedição de convocatórias desta natureza;

3 – A convocação não veio acompanhada das propostas a serem analisadas e deliberadas pelos Conselheiros, como também os respectivos relatórios emitidos pelos relatores, conforme preconizam as resoluções dos dois Conselhos.

Não podemos esquecer que cada Conselheiro representa uma categoria, um segmento. Ninguém pode pensar e agir individualmente. Esta forma de se votar propostas e projetos nos Conselhos, sem as devidas e adequadas análises estava se tornando frequente, mesmo tendo uma Resolução Interna que estabelece que para cada proposta ou projeto, será nomeado um relator que apresentará o seu relatório e que este fará parte da convocação.

Como bem destacou o prof. Waldenir, por diversas vezes, dentro dos Comunicados Gerais, foram deliberadas e votadas propostas.

Mas o que chamou atenção mesmo foi o penúltimo item da pauta, estrategicamente colocado para o final de uma reunião que, a princípio, começaria às 11h. Fatalmente, este item seria deliberado lá pelas 14h, no mínimo, quando o estômago já prevaleceria sobre o cérebro. Quando a vontade de terminar a reunião seria tão grande, que a proposta praticamente não teria discussão. Que pretensão! A nossa revolta e nosso sentimento de indignação ainda não corroeram nosso pensamento, nossa consciência. Nosso sentimento pelo coletivo, pelo que é de direito jamais deixaria que desviássemos nossa concentração para tal item da pauta.

E o que teria de tão importante esse item da pauta? Reproduzo o texto da convocação expedida pela Diretora-Presidente:

PAUTA
....

8 - Alteração do art. 38, § 2º e do anexo I do Estatuto da AEVSF.

Para poupar-lhes a busca pelo Estatuto e esse páragrafo em questão, reproduzo-o abaixo:

Art. 38. Os Diretores de Centros Acadêmicos são nomeados pelo Diretor-Presidente da AEVSF, para mandato de quatro (04) anos, com apoio em processo eleitoral do qual participam docentes, técnico-administrativos e discentes vinculados aos respectivos centros acadêmicos, em respeito às disposições contidas nos parágrafos abaixo.

§ 1º. ...

" § 2º. – O cálculo dos pontos percentuais, obtidos por cada chapa, obedecerá à fórmula abaixo, em que % VOT/P, % VOT/A e % VOT/T significam percentuais obtidos por uma determinada chapa nos segmentos, respectivamente, de professores, alunos e técnico administrativos.
Quanto a Pp, Pa e Pt, são os pesos percentuais, no formato decimal, atribuídos, respectivamente, a % VOT/P, % VOT/A e % VOT/T:

Pontos Percentuais Obtidos por uma Determinada Chapa= % VOT/P x Pp + % VOT/A x Pa + % VOT/T x Pt"

Resumindo, a proposta visa mudar critérios da eleição para Diretores dos Centros Acadêmicos. Que proposta é essa? De quem é essa proposta? Quem relatou? Onde está o relatório? Quem mais tomou conhecimento? Qual a verdadeira intenção dessa mudança? E comunidade acadêmica, foi ouvida? E depois dessa, vai vir a mudança de critério para eleição de coordenador? E Diretor-Presidente? Teremos um novo Hugo Chávez na FACAPE?

Ora, querer enfiar isso goela abaixo, é pretensão estéril, como disse o professor Agnaldo em seu comunicado mês passado. Não vamos permitir isso

Hoje, acendeu-se o pavio da resistência. Quem quiser junte-se a nós, mostre a cara, sem medo, sem receio. O bem sempre triunfará.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Em boca fechada não entra mosca...

Escutatória

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória.

Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir.

Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.

Escutar é complicado e sutil.

Diz o Alberto Caeiro que "não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma". Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver é preciso que a cabeça esteja vazia.

Parafraseio o Alberto Caeiro: "Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma". Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg - citado por Murilo Mendes: "Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas". Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...

Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos, estimulado pela revolução de 64. Pastor protestante (não "evangélico"), foi trabalhar num programa educacional da Igreja Presbiteriana USA, voltado para minorias. Contou-me de sua experiência com os índios. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, como se estivessem orando. Não rezando. Reza é falatório para não ouvir. Orando. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas. Também para se tocar piano é preciso não ter filosofia nenhuma). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito. Pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que julgava essenciais. Sendo dele, os pensamentos não são meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se falo logo a seguir são duas as possibilidades. Primeira: "Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado". Segunda: "Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou". Em ambos os casos estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: "Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou". E assim vai a reunião.

Há grupos religiosos cuja liturgia consiste de silêncio. Faz alguns anos passei uma semana num mosteiro na Suíça, Grand Champs. Eu e algumas outras pessoas ali estávamos para, juntos, escrever um livro. Era uma antiga fazenda. Velhas construções, não me esqueço da água no chafariz onde as pombas vinham beber. Havia uma disciplina de silêncio, não total, mas de uma fala mínima. O que me deu enorme prazer às refeições. Não tinha a obrigação de manter uma conversa com meus vizinhos de mesa. Podia comer pensando na comida. Também para comer é preciso não ter filosofia. Não ter obrigação de falar é uma felicidade. Mas logo fui informado de que parte da disciplina do mosteiro era participar da liturgia três vezes por dia: às 7 da manhã, ao meio-dia e às 6 da tarde. Estremeci de medo. Mas obedeci. O lugar sagrado era um velho celeiro, todo de madeira, teto muito alto. Escuro. Haviam aberto buracos na madeira, ali colocando vidros de várias cores. Era uma atmosfera de luz mortiça, iluminado por algumas velas sobre o altar, uma mesa simples com um ícone oriental de Cristo. Uns poucos bancos arranjados em U definiam um amplo espaço vazio, no centro, onde quem quisesse podia se assentar numa almofada, sobre um tapete. Cheguei alguns minutos antes da hora marcada. Era um grande silêncio. Muito frio, nuvens escuras cobriam o céu e corriam, levadas por um vento impetuoso que descia dos Alpes. A força do vento era tanta que o velho celeiro torcia e rangia, como se fosse um navio de madeira num mar agitado. O vento batia nas macieiras nuas do pomar e o barulho era como o de ondas que se quebram. Estranhei. Os suíços são sempre pontuais. A liturgia não começava. E ninguém tomava providências. Todos continuavam do mesmo jeito, sem nada fazer. Ninguém que se levantasse para dizer: Meus irmãos, vamos cantar o hino... Cinco minutos, dez, quinze. Só depois de vinte minutos é que eu, estúpido, percebi que tudo já se iniciara vinte minutos antes. As pessoas estavam lá para se alimentar de silêncio. E eu comecei a me alimentar de silêncio também. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir.

Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.

E música, melodia que não havia e que quando ouvida nos faz chorar.

A música acontece no silêncio.

É preciso que todos os ruídos cessem.

No silêncio, abrem-se as portas de um mundo encantado que mora em nós - como no poema de Mallarmé, A catedral submersa, que Debussy musicou.

A alma é uma catedral submersa.

No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada.

Somos todos olhos e ouvidos.

Me veio agora a idéia de que, talvez, essa seja a essência da experiência religiosa - quando ficamos mudos, sem fala.

Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar.

Para mim Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio.

Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.

Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.


Quem escreveu o texto acima foi o Rubem Alves... Sabe das coisas esse cara...

É isso aí, eu agora escuto mais...

Salve os ouvidos!!