quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
Curso de Computação da Facape participa do lançamento do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Engenharia de Software
O INES já conta com recursos oficiais federais (MCT/CNPq) e estaduais (FACEPE) aprovados no montante de cerca de 2,8 milhões de reais para iniciar suas atividades. Participam da iniciativa grupos de pesquisa das seguintes instituições: UFPE (instituição sede), CESAR, UPE e UFRPE (Recife-PE), FACAPE (Petrolina-PE), UFBA e UNIFACS (Salvador-BA), UFCG (Campina Grande-PB), UFPB (João Pessoa-PB), UFRN (Natal-RN), e UFS (Aracaju-SE).
Foi uma grande conquista para a FACAPE e para a região, que se insere em um núcleo de excelência em tecnologias da informação, abrindo novos caminhos para a pesquisa e o desenvolvimento no Vale do São Francisco.
Na última sexta-feira, dia 19, foi realizada no C.E.S.A.R em Recife, a primeira reunião de trabalho do Instituto e os Professores Jorge Cavalcanti e Ricardo Amorim representaram a FACAPE no evento. Na oportunidade foi lançada a página oficial do INES, no endereço www.ines.gov.br.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
A inapetência estratégica da burocracia política facapeana e o triunfo da ciência
Em um estudo (2002 p. 82) intitulado A Ambição Move o Mundo, a firma global de consultoria empresarial Arthur D. Little observa:
Um bom indicador do ritmo de mudanças é o tempo necessário para que o conhecimento humano total dobre.
No final do primeiro milênio, ele dobrou em cerca de 200 anos; no início da Revolução industrial, foram necessários cerca de 30 anos;
e hoje em dia isso acontece cada cinco anos.
Da minha parte já recebi os dois diplomas: o da apresentação do artigo (tarefa que coube ao professor António Sousa, da Universidade de Évora – co-autor do artigo), bem como o do melhor artigo do Slade Brasil 2008 – 2º Encontro Luso-brasileiro de estratégia, sob o tema geral Estratégias empresariais e globalização de mercados.
Recebo essa distinção com modéstia e com o sentimento do dever cumprido, além do que pude imaginar, e, creio que procurei honrar, da melhor forma que me foi possível, a minha Escola, os meus colegas, os alunos da Facape e a cidade de Petrolina; porém, temo pelo futuro da pesquisa, da produção e das publicações científicas da Facape.
Saudações acadêmicas e democráticas a todos.
Pedro Pereira
[1] Disponível em http://www.elbe2008.org/ . Acesso em: 09.12.2008.
domingo, 30 de novembro de 2008
Curso de Computação da Facape incluído em Projeto de Núcleo de Excelência em Pernambuco
O projeto terá como unidades executoras a UFPE, UPE, CESAR, UFRPE e, como responsável pela interiorização das ações do Instituto, a FACAPE, por meio do seu Curso de Ciência da Computação. Foi uma grande conquista para a FACAPE e para a região, que se insere em um núcleo de excelência em tecnologias da informação, abrindo novos caminhos para a pesquisa e o desenvolvimento no Vale do São Francisco.
A inclusão da FACAPE neste importante projeto deveu-se a vários fatores. O primeiro deles foi como reconhecimento ao produtivo trabalho dos integrantes do curso, desde o resultado anterior no Enade e também na produção de conhecimento, demonstrada através de outras pesquisas recentes e nas participações e publicações de artigos em eventos reconhecidos nacionalmente.
Outro importante fator que contribuiu foi a oferta do curso de especialização em Engenharia de Software, que trouxe para a FACAPE, nada menos que seis doutores na área para ministrar aulas e orientar os projetos dos alunos, que entre esses estão cinco docentes do curso de computação. O alto nível dessa pós-graduação, aliado a uma articulação com esses doutores, nos habilitou para essa indicação. O coordenador didático do curso, Prof. Dr. Sérgio Soares (UPE) foi um dos grandes defensores e incentivadores da nossa inclusão no projeto.
Mais um importante fator foi a nossa participação na elaboração do projeto, seja na descrição das atividades que desenvolveremos, como também na parte descritiva do processo de interiorização das ações do Instituto, que nos delegaram essa atribuição. A consistência e a objetividade na nossa contribuição para o projeto, nos habilitou a participação no mesmo.
A aprovação vai significar recebimento de recursos para implantação de um pequeno laboratório de engenharia de software com acervo bibliográfico, material de consumo, passagens e diárias para os pesquisadores apresentarem trabalhos e bolsas de iniciação científica para nossos alunos. Mais do que isso, representa nossa inserção em grupo de excelência que nos abrirá novas oportunidades de crescimento e aperfeiçoamento.
Dentre outras conquistas neste ano (Projeto CNPq, publicações, outras parcerias etc.), essa foi uma das mais relevantes. E a alegria dessa conquista deve ser de todos, pois nada se faz sem o trabalho coletivo. Vamos continuar torcendo para que em breve tenhamos outras boas notícias.
Um grande abraço a todos!
domingo, 26 de outubro de 2008
Indignação II
É preciso não perder a noção do absurdo...
É preciso não ter medo!!
Tem algo de podre no Reino de Avilã....
domingo, 19 de outubro de 2008
Tudo passa...
Que hoje é semente do amanhã...
Para não ter medo que este tempo vai passar...
Não se desespere não, nem pare de sonhar
Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs ...
Deixe a luz do sol brilharno céu do seu olhar!
Fé na vida, fé no homem, FÉ NO QUE VIRÁ!
NÓS PODEMOS TUDO,
NÓS PODEMOS MAIS
Vamos lá fazer o que será!"
Essa é a letra de uma das músicas do Gonzaguinha. Colocá-la aqui projeta um pouco da minha crença de que tudo isso vai passar... todo esse tempo de coisas ruins vai passar...
Creio piamente que as pessoas vão mostrar o seu lado bom, mostrar seu afeto e sua admiração pelo outro de uma forma sincera. Mais que isso: sei que vou viver um tempo em que as pessoas vão respeitar umas as outras... Que vão me RESPEITAR!!!
É preciso resgatar esse sentimento: RESPEITO!
Ah, e se esse tempo não chegar, nós poderemos ir até ele!!! Sim, claro!!! NÓS PODEMOS MAIS!!! Podemos nos fazer RESPEITAR!!
Mas hoje é a semente do amanhã....
Que bom, que todo carnaval tem seu fim... que TUDO PASSA!!!!
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
Feliz Dia dos Professores!!!!
Quando me fiz professora
Enxerguei aprender muito mais que ensinar
Quando me fiz professora
Quis amigos, companheiros leais para me ajudar
Quando me fiz professora
Não pensei em dinheiro, em bens, em privilégios
Idealizei uma carreira repleta de estudos, prêmios, reconhecimento e sucesso
Quando me fiz professora
Sabia que conheceria inúmeras pessoas, iguais e diferentes a mim
Mas com um foco preciso e igual
Quando me fiz professora
Pensei em amor
Pensei em prazer
Não pensei em dor
Hoje, a economista, a controller, a consultora, ver-se a professora
Mas não sou nada além de educadora e não posso caminhos moldar
A professora
Não consegue ensinar, não consegue ser política e não agüenta mais de seu rumo se distanciar
Caliane Borges Ferreira
quinta-feira, 9 de outubro de 2008
Sim. A indignação está entre nós.
De repente, a revolta pela adoção da "censura prévia" para os documentos emitidos pelos professores, onde os nossos estagiários do núcleo acadêmico (sem culpa nenhuma, diga-se de passagem) devem agora examinar tudo que é impresso nos equipamentos daquele setor, transformou-se no primeiro "Ato Coletivo de Indgnação e Resistência" às imposições, perseguições e intepretações do Estatuto e Regimento por conveniências e oportunidades.
Foi um belo manifesto; espontâneo, oportuno, forte e esclarecedor. Daquele momento, vão surgir novas indagações e oportunidades para que colocarmos para levantarmos a bandeira da resistência e da indignação.
Alguns pontos levantados neste pequeno ato, pelo Prof. Remígio, por mim, pelo Prof. Waldenir, pelo prof. Edmar e por vários colegas presentes ao ato, merecem esta postagem.
Hoje de manhã, alguns integrantes dos dois Conselhos máximos da Autarquia foram surpreendidos com uma convocação para uma reunião conjunta, programada para esta sexta-feira (10), as 11 horas, na sala de vídeo conferência da FACAPE. Seria mais uma reunião extraordinária, já que as ordinárias previstas pelo Regimento nunca acontecem. Mas, alguns detalhes chamaram atenção de seis dos conselheiros, que ainda pela manhã, solicitaram a remarcação da reunião além de outros questionamentos. Vamos a esses detalhes:
1 – A convocação foi feita em desacordo com o prescrito no § 2º do Art. 22 do Estatuto da AEVSF, ou seja, em menos de 48 horas da previsão da sua realização;
2 – A referida convocação foi feita por meio eletrônico, o que ainda não se constitui um meio confiável e eficiente para expedição de convocatórias desta natureza;
3 – A convocação não veio acompanhada das propostas a serem analisadas e deliberadas pelos Conselheiros, como também os respectivos relatórios emitidos pelos relatores, conforme preconizam as resoluções dos dois Conselhos.
Não podemos esquecer que cada Conselheiro representa uma categoria, um segmento. Ninguém pode pensar e agir individualmente. Esta forma de se votar propostas e projetos nos Conselhos, sem as devidas e adequadas análises estava se tornando frequente, mesmo tendo uma Resolução Interna que estabelece que para cada proposta ou projeto, será nomeado um relator que apresentará o seu relatório e que este fará parte da convocação.
Como bem destacou o prof. Waldenir, por diversas vezes, dentro dos Comunicados Gerais, foram deliberadas e votadas propostas.
Mas o que chamou atenção mesmo foi o penúltimo item da pauta, estrategicamente colocado para o final de uma reunião que, a princípio, começaria às 11h. Fatalmente, este item seria deliberado lá pelas 14h, no mínimo, quando o estômago já prevaleceria sobre o cérebro. Quando a vontade de terminar a reunião seria tão grande, que a proposta praticamente não teria discussão. Que pretensão! A nossa revolta e nosso sentimento de indignação ainda não corroeram nosso pensamento, nossa consciência. Nosso sentimento pelo coletivo, pelo que é de direito jamais deixaria que desviássemos nossa concentração para tal item da pauta.
E o que teria de tão importante esse item da pauta? Reproduzo o texto da convocação expedida pela Diretora-Presidente:
PAUTA
....
8 - Alteração do art. 38, § 2º e do anexo I do Estatuto da AEVSF.
Para poupar-lhes a busca pelo Estatuto e esse páragrafo em questão, reproduzo-o abaixo:
Art. 38. Os Diretores de Centros Acadêmicos são nomeados pelo Diretor-Presidente da AEVSF, para mandato de quatro (04) anos, com apoio em processo eleitoral do qual participam docentes, técnico-administrativos e discentes vinculados aos respectivos centros acadêmicos, em respeito às disposições contidas nos parágrafos abaixo.
§ 1º. ...
" § 2º. – O cálculo dos pontos percentuais, obtidos por cada chapa, obedecerá à fórmula abaixo, em que % VOT/P, % VOT/A e % VOT/T significam percentuais obtidos por uma determinada chapa nos segmentos, respectivamente, de professores, alunos e técnico administrativos.
Quanto a Pp, Pa e Pt, são os pesos percentuais, no formato decimal, atribuídos, respectivamente, a % VOT/P, % VOT/A e % VOT/T:
Pontos Percentuais Obtidos por uma Determinada Chapa= % VOT/P x Pp + % VOT/A x Pa + % VOT/T x Pt"
Resumindo, a proposta visa mudar critérios da eleição para Diretores dos Centros Acadêmicos. Que proposta é essa? De quem é essa proposta? Quem relatou? Onde está o relatório? Quem mais tomou conhecimento? Qual a verdadeira intenção dessa mudança? E comunidade acadêmica, foi ouvida? E depois dessa, vai vir a mudança de critério para eleição de coordenador? E Diretor-Presidente? Teremos um novo Hugo Chávez na FACAPE?
Ora, querer enfiar isso goela abaixo, é pretensão estéril, como disse o professor Agnaldo em seu comunicado mês passado. Não vamos permitir isso
Hoje, acendeu-se o pavio da resistência. Quem quiser junte-se a nós, mostre a cara, sem medo, sem receio. O bem sempre triunfará.
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
Em boca fechada não entra mosca...
Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória.
Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir.
Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.
Escutar é complicado e sutil.
Diz o Alberto Caeiro que "não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma". Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Aí a gente que não é cego abre os olhos. Diante de nós, fora da cabeça, nos campos e matas, estão as árvores e as flores. Ver é colocar dentro da cabeça aquilo que existe fora. O cego não vê porque as janelas dele estão fechadas. O que está fora não consegue entrar. A gente não é cego. As árvores e as flores entram. Mas - coitadinhas delas - entram e caem num mar de idéias. São misturadas nas palavras da filosofia que mora em nós. Perdem a sua simplicidade de existir. Ficam outras coisas. Então, o que vemos não são as árvores e as flores. Para se ver é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro: "Não é bastante ter ouvidos para se ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma". Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor. No fundo somos todos iguais às duas mulheres do ônibus. Certo estava Lichtenberg - citado por Murilo Mendes: "Há quem não ouça até que lhe cortem as orelhas". Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil da nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos, estimulado pela revolução de 64. Pastor protestante (não "evangélico"), foi trabalhar num programa educacional da Igreja Presbiteriana USA, voltado para minorias. Contou-me de sua experiência com os índios. As reuniões são estranhas. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, como se estivessem orando. Não rezando. Reza é falatório para não ouvir. Orando. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas. Também para se tocar piano é preciso não ter filosofia nenhuma). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito. Pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que julgava essenciais. Sendo dele, os pensamentos não são meus. São-me estranhos. Comida que é preciso digerir. Digerir leva tempo. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se falo logo a seguir são duas as possibilidades. Primeira: "Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava eu pensava nas coisas que eu iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado". Segunda: "Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou". Em ambos os casos estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: "Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou". E assim vai a reunião.
Há grupos religiosos cuja liturgia consiste de silêncio. Faz alguns anos passei uma semana num mosteiro na Suíça, Grand Champs. Eu e algumas outras pessoas ali estávamos para, juntos, escrever um livro. Era uma antiga fazenda. Velhas construções, não me esqueço da água no chafariz onde as pombas vinham beber. Havia uma disciplina de silêncio, não total, mas de uma fala mínima. O que me deu enorme prazer às refeições. Não tinha a obrigação de manter uma conversa com meus vizinhos de mesa. Podia comer pensando na comida. Também para comer é preciso não ter filosofia. Não ter obrigação de falar é uma felicidade. Mas logo fui informado de que parte da disciplina do mosteiro era participar da liturgia três vezes por dia: às 7 da manhã, ao meio-dia e às 6 da tarde. Estremeci de medo. Mas obedeci. O lugar sagrado era um velho celeiro, todo de madeira, teto muito alto. Escuro. Haviam aberto buracos na madeira, ali colocando vidros de várias cores. Era uma atmosfera de luz mortiça, iluminado por algumas velas sobre o altar, uma mesa simples com um ícone oriental de Cristo. Uns poucos bancos arranjados em U definiam um amplo espaço vazio, no centro, onde quem quisesse podia se assentar numa almofada, sobre um tapete. Cheguei alguns minutos antes da hora marcada. Era um grande silêncio. Muito frio, nuvens escuras cobriam o céu e corriam, levadas por um vento impetuoso que descia dos Alpes. A força do vento era tanta que o velho celeiro torcia e rangia, como se fosse um navio de madeira num mar agitado. O vento batia nas macieiras nuas do pomar e o barulho era como o de ondas que se quebram. Estranhei. Os suíços são sempre pontuais. A liturgia não começava. E ninguém tomava providências. Todos continuavam do mesmo jeito, sem nada fazer. Ninguém que se levantasse para dizer: Meus irmãos, vamos cantar o hino... Cinco minutos, dez, quinze. Só depois de vinte minutos é que eu, estúpido, percebi que tudo já se iniciara vinte minutos antes. As pessoas estavam lá para se alimentar de silêncio. E eu comecei a me alimentar de silêncio também. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.
E música, melodia que não havia e que quando ouvida nos faz chorar.
A música acontece no silêncio.
É preciso que todos os ruídos cessem.
No silêncio, abrem-se as portas de um mundo encantado que mora em nós - como no poema de Mallarmé, A catedral submersa, que Debussy musicou.
A alma é uma catedral submersa.
No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada.
Somos todos olhos e ouvidos.
Me veio agora a idéia de que, talvez, essa seja a essência da experiência religiosa - quando ficamos mudos, sem fala.
Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar.
Para mim Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio.
Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.
Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.
Quem escreveu o texto acima foi o Rubem Alves... Sabe das coisas esse cara...
É isso aí, eu agora escuto mais...
Salve os ouvidos!!
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
O mundo é um organismo vivo...
A carta
“O grande chefe de Washington mandou dizer que quer comprar a nossa terra. O grande chefe assegurou-nos também da sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade. Nós vamos pensar na sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará a nossa terra. O grande chefe de Washington pode acreditar no que o chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na mudança das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas, elas não empalidecem.Como pode-se comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode então comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na crença do meu povo.Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois de exaurí-la ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende.Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o zunir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das cidades é terrível para os meus ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho d’água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pinho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar, animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo, ele é insensível ao mau cheiro.Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão, que nós, peles vermelhas matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra.Os nossos filhos viram os pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio e envenenam seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias. Eles não são muitos. Mais algumas horas ou até mesmo alguns invernos e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nestas terras ou que tem vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez venha a um dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Julga, talvez, que pode ser dono Dele da mesma maneira como deseja possuir a nossa terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos. E quer bem da mesma maneira ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Continua sujando a sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, quando as colinas escarpadas se encherem de fios que falam, onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinha da torre e à caça; o fim da vida e o começo pela luta pela sobrevivência.Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se soubéssemos quais as esperanças transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do futuro oferecem para que possam ser formados os desejos do dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para nós. E por serem ocultos temos que escolher o nosso próprio caminho. Se consentirmos na venda é para garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos dias como desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca esqueça como era a terra quando dela tomou posse. E com toda a sua força, o seu poder, e todo o seu coração, conserva-a para os seus filhos, e ama-a como Deus nos ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum.”
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Demorou!!!
Bom, estou feliz, pq aqui teremos um território livre de tanta leviandade, tirania, isso cansa e adoece. Quantos de nós não temos vontade de gritar que não aguentamos mais essa corda bamba, esse clima hostil? Ah, mas tem algo nisso tudo que eu até chego a invejar... Não sabem aindo do que estou falando? Pois eu lhes direi meus amigos, a cara de pau de algumas criaturas, o talento para a dramaturgia (ou seria vilania?). Gente, temos verdadeiros atores globais, pessoas que interpretam o tempo todo, aliás, as vezes tenho a sensação de estar em plena novela das oito, A Favorita, pois o que tem de Flora , nossaaaaaaaaa, é demais gente!
Mas, é como diz a letra daquela musiquinha chata (mas que todo mundo adora quando ouve para poder sair dançando um pancadão), cada um no seu quadrado.
Repito, estou feliz, por poder ter um cantinho para poder me expressar, falar do que sinto e do que penso. Parabenizo aos que tomaram a iniciativa de criar o blog. Aliás, adoro blogs rsss.
Viva a palavra!!!
Beijos !!
Simplicidade
E não deixe de ler o texto.
Luís Fernando Veríssimo
Cada semana, uma novidade. A última foi que pizza previne câncer do esôfego. Acho a maior graça. Tomate previne isso, cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é nocivo, tome água em abundância, mas, peraí, não exagere... Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos. Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal prá minha saúde. Prazer faz muito bem. Dormir me deixa 0 km. Ler um bom livro faz-me sentir novo em folha. Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas depois rejuvenesço uns cinco anos! Viagens aéreas não me incham as pernas, incham-me o cérebro, volto cheio de idéias! Brigar me provoca arritmia cardíaca. Ver pessoas tendo acessos de estupidez me embrulha o estômago! Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro me faz perder a fé no ser humano... E telejornais... Os médicos deveriam proibir... Como doem! Caminhar faz bem, namorar faz bem, dançar faz bem, ficar em silêncio quando uma discussão está pegando fogo faz muito bem: você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada. Acordar de manhã, arrependido do que fez ontem à noite, isso sim, é prejudicial à saúde. E passar o resto do dia sem coragem para pedir desculpas, pior ainda. Não pedir perdão pelas nossas mancadas dá câncer, guardar mágoas, ser pessimista, preconceituoso ou falso moralista, não há tomate ou muzzarela que previna! Ir ao cinema, conseguir um lugar central nas fileiras do fundo, não ter ninguém atrapalhando sua visão, nenhum celular tocando e o filme ser espetacular, uau! Cinema é melhor prá saúde do que pipoca. Conversar é melhor que piada. Exercício é melhor do que cirurgia. Humor é melhor do que rancor. Amigos são melhores do que gente influente. Economia é melhor do que dívida. Perguntar é melhor do que dúvida. Sonhar é o melhor de tudo e muito melhor do que nada!
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Conheça, comente e divulgue.
Facapeando - Blog acadêmico da Facape
Um espaço informal, destinado a análises e discussões de assuntos de interesse acadêmico da Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina - FACAPE. Esperamos a contribuição de toda a comunidade, seja no aprofundamento nas questões que serão colocadas, seja na contribuição individual ou coletiva que esperamos receber.
Manteremos o elevado nível dos textos e das postagens, porque cremos que esse é um dos maiores objetivos desse blog.
Notícias da Instituição e comunicados oficiais serão sempre disponibilizados no Portal da Facape, que aliás, não prentendemos concorrer, afinal lá é o espaço formal e oficial da comunidade facapeana.
Participe e colabore. A Facape é maior que qualquer um que queira se valer dela para se promover ou promover alguém. A Facape somos todos nós.